23 outubro 2009

Jornalismo e Ciência

Segue uma citação interessante, de um pesquisador que via o labor científico tal qual o de um "super-reportero":
"Es tarea de la ciencia reducir la expresión inarticulada de nuestros sentimientos individuales a un universo de discurso común y crear un mundo objetivo e inteligible a partir de nuestras experiencias privadas" (Robert E. Park).

(Fred Tavares, desde Madrid)

20 outubro 2009

Seminário Unisinos-Santander

A mestranda Maria Joana Chaise apresentará o trabalho “A participação do público no espaço Leitor-Repórter: possibilidades e desafios” no I Seminário de bolsistas Unisinos-Santander no dia 20 de outubro, às 13h30 na Sala de Seminários I.
O Seminário acontecerá nos dias 20 e 21 de outubro com apresentações de Pesquisas Científicas pelos bolsistas do PPG do Banco Santander, e acontecem nas Salas de Seminários I e II da Biblioteca da Unisinos. Mais informações aqui.

(Aline Weschenfelder)

19 outubro 2009

50 anos de telejornal em Portugal

Portugal está a comemorar 50 anos de telejornal. Trata-se do programa de mesmo nome, veiculado pela emissora pública RTP – Rádio Televisão Portugal. Numa promoção conjunta com o CECS - Centro de Estudos Comunicação e Sociedade, da Universidade do Minho, foi realizada a Conferência 50 Anos de Telejornal: entre o passado e o futuro, na Fundação das Comunicações, em Lisboa.
Por meio dos 50 anos de Telejornal, da RTP, é possível recontar a história do telejornalismo em Portugal, já que o período concorrencial se iniciou apenas nos anos 90, com a implantação dos canais privados SIC e TVI. Ainda, muitos dos jornalistas que estão a fazer jornalismo nos canais privados passaram pela ‘escola’ da RTP.
.
O Telejornal e os estudos acadêmicos

Nilza de Sena (Inst. Sup. Ciências Políticas e Sociais), Maria Rosário Saraiva (Univ. do Porto), Felisbela Lopes (Univ. Minho), Rogério Santos (Católica Portguesa), Nuno Brandão (Inst. Sup. Novas Profissões) e Rui Cádima (Univ. Nova de Lisboa)
.
A professora Maria Rosário Saraiva, da Universidade do Porto, divide a história do telejornaismo em Portugal em cinco fases: a Era Técnica (195-1959), de aprendizagem e domínio da técnica de produção televisiva; Era dos Realizadores (1959-974), quando ocorre a aposta na imagem e dá-se a introdução do videotipe; Era dos Jornalisas (1974-1980), quando impõe-se a cobertura jornalística e altera-se a função dos apresenadores dos telejornais; Era do Marketing (1992-2000), com a entrada das privadas, preocupação com a audiência, com fait-divers e a transparência da notícia; e a Era do Virtual (a partir de 2001).
.
O telejornal a partir do lugar dos pivots (âncoras)

Judite de Sousa, Lopes de Araújo, José Carvalho (diretor de informação da RTP), Adelino Gomes (Provedor do Ouvinte da RTP), Maria Elisa e Manoel Caetano
.
A mesa que tratou do lugar dos âncoras, o fez a partir de quatro ex-apresentadores do Telejornal, da RTP: Manoel Caetano, pivot no período do Estado Novo; Maria Elisa, período de 25 de abril; Lopes de Araújo, no período do monopólio em regime democrático; e Judite de Sousa, no período pós-privadas.
A primeira geração de apresentadores foi a dos locutores, responsáveis apenas pela gravação dos offs gerados sobre a imagens já escolhidas e os textos já formatados. Caetano, hoje com 83 anos, contou de sua trajetória, iniciada no rádio – teatro radiofônico e narração esportiva – “eu gostava de fazer reportagem em direto, mas na televisão isso ainda não havia sido inaugurado”, disse. Responsável pela apresentação do Telejornal durante a censura do Estado Novo, Caetano acrescenta: “fui locutor e, portanto, lia o quê os outros escreviam”.
Caetano apresentou o programa até a véspera do 25 de abril de 1974, quando foi substituído, entre outros, pela jornalista Maria Elisa. “Pensávamos que seria a liberdade, fim de censura, mas, continuamos a ouvir uma parte apenas”, disse. E acrescentou: “saímos do regime [Estado Novo], deixamos de ler notícias censuradas pelo Estado, mas, continuamos a ler notícias escritas por quem não nos ouvia”, disse referindo-se a não participação dos apresentadores na definição de pautas e produção de reportagens e texto. A mudança veio com a publicação no jornal Expresso de um documento, escrito por ela e outros jornalistas, conhecido como documento dos papagaios. “Queríamos mais participação na definição de temas e enquadramentos porque dávamos a cara àquilo que líamos”, finaliza.
Lopes de Araújo diz que a época dos jornalistas papagaios seguiu-se a do jornalismo televisivo interpretativo. Nesta época, já nos anos 80, o apresentador participava da reunião de pauta e alinhamento até as alterações finais. O trabalho altera-se com a entrada das TVs privadas, nos anos 90, e investimentos em tecnologia, que permitiram tratar com mais agilidade os grandes acontecimentos. Judite de Sousa, apresentadora na fase pós-privadas, relembrou dos primeiros acontecimentos internacionais com participação direta da RTP – as guerras da Angola, 1992; da Bósnia, 1995; e do Líbano, 1996; e a devolução de Macau, em 1999.
.
Outros temas
A relação com a política e o cenário de mudança foram outros dois temas da Conferência 50 Anos de Telejornal. Da primeira participaram os assessores políticos de Ramalho Eanes, Mário Soares e Cavaco Silva, respectivamente, os jornalistas Joaquín Letria, Estrela Serrana e José Arrantes.
Da sessão 'O Telejornal um gênero televisivo em mudança' participaram José Alberto Carvalho, diretor de informação da RTP, Luís Marques, diretor geral da SIC, Júlio Magalhães, diretor de informação da TVI, sob coordenação de Paquete de Oliveira (Provedor do Telespectador da RTP) e comentários de Carlos Daniel (diretor-adjunto da RTPN). Desta, a comprovação da importância da RTP e de seu Telejornal na formação de quadros profissionais, uma vez que os diretores da TVI e SIC trabalharam, primeiro, na emissora pública.

 José Arrantes, Marcelo Rebelo de Sousa (Faculdade de Direito da Univ. de Lisboa), Estrela Serrana e Joaquín Letria

Júlio Magalhães, Carlos Daniel,  Paquete de Oliveira, Luís Marques e José Alberto Carvalho
.
(Angela Zamin, de Lisboa)

17 outubro 2009

Esboço de crítica da crítica

A “satanização” das comunicações diz respeito, em parte, a antiquada esquerda, que não consegue enxergar os possíveis da realidade não apenas comunicacional atual. Isso foi dito, com outras palavras, por Antonio Negri (1993), e entendemos que ele se referia à tradição apocalíptica, que, segundo José Luiz Braga (2002), por incrível que pareça, persiste nos dias de hoje, como seu oposto, os integrados. Para nós, essa corrente de pensamento (apocalíptica) atualmente, ou melhor, a partir da virada do século, se apóia na crítica negativa das novas tecnologias de comunicação e informação. Consideramos também que ela não se limita ao campo das mídias, pois as mudanças tecnológicas ocorrem conjuntamente a mudanças políticas, culturais e econômicas, próprias da globalização, ou, melhor, da ordem mundial que Negri e seu companheiro Michael Hardt nomearam, mais especificamente, de Império, no livro de mesmo nome (2006).
Na obra, o conceito de Império se choca ao de multidão – potência positiva da realidade atual.  Mais ou menos na mesma época em que Império foi lançado, três textos apocalípticos surgiram, chorando o passado perdido, o declínio do Estado-nação, o fim das grandes narrativas, mesmo que o conteúdo principal seja a fobia frente às novas tecnologias de comunicação, principalmente a internet.
Esses textos de Joel de Rosnay (2002) e Ignácio Ramonet (2001; 2002) resumem muito bem um certo espírito derrotista, em que o passado se mantém como um fantasma. Para ambos, a internet é uma rede sem centro caótica, e as outras mídias são engolidas por ela. Neles, as mídias de massa tradicionais, estão em crise, e uma horda de bárbaros digitais se apropria do seu o espaço, e não há mais nada a fazer. Ramonet (2001) especifica essa discussão, tendo o jornalismo como objeto. Para o autor, esse tradicional instrumento das sociedades democráticas estaria sendo corrompido a tal ponto que sua morte é inevitável. A proposta inicial deste ensaio era uma crítica das práticas jornalísticas, mas decidimos trabalhar com um tema mais amplo, as mídias como um todo, pois as questões expostas aqui não são restritas. Mas quando falamos em mídias, consideramos também, é claro, o jornalismo.
Mas no ano em que Império (o livro) foi lançado, e também nos anos posteriores, o poder hegemônico foi abalado pelos governados e explorados, por uma insurgência global, que foi traduzida em Multidão: livro de Negri e Hardt (2004) que agora dá espaço maior as potências reais de transformação da ordem mundial. O livro vem de carona com as manifestações de Seattle, contra a guerra do Iraque, os Fóruns Sociais, alguns exemplos dessa insurgência. Multidão, como já acontecia em Império, vai de encontro à posição passiva apocalíptica – essa crítica pela crítica que nada propõe – e de forma alguma se alia aos integrados, pois a democracia real (sonho da multidão) não está dada, deve ser criada.
Algumas semanas atrás, o assassinato de um sem-terra, em confronto com a polícia, recebeu destaque nas mídias. O fato nos impôs a lembrança de que há uma resistência no Brasil consistente, que á aliada de resistências globais, como a Via Campesina e a rede Zapatista. Todas reivindicam a terra, este bem que deveria ser comum, de todos, como é a linguagem, nosso corpo humano, nossa produtividade que constrói o mundo.
Se de um lado há esse poder hegemônico, em que não há mais um sujeito em oposição bem definido, como no marxismo, o qual Ramonet chora – talvez sem saber –a falta; de outro lado, há essa multidão singular que se quer assim, e que resiste. A multidão, aos poucos, mina os poderes, sua revolução não chegará, ela acontece, é um processo em andamento. Deveríamos nos perguntar de que lado nós estamos: aceitaremos nos misturar a multidão e lutar por uma realidade menos endurecida, ou apenas ficaremos sentados, chorando a perda de um passado provavelmente mais triste que a realidade atual?
Quanto ao jornalismo, talvez sua morte nos permita dar um passo para esta outra realidade, essa sim democrática. O corte entre produtores e leitores, no jornalismo, há muito separa a multidão, impõe hierarquias, permite que apenas poucos representem muitos – reflexo da democracia representativa. Mas como cada vez mais esse corte é esmaecido, a questão agora não é mais “quem vai falar”, mas “o que falar”.

(Diego Carvalho)

Texto apresentado na disciplina de Crítica das Práticas Jornalísticas.

07 outubro 2009

Jornalismo no rádio comunitário


no CICOM, em Braga, com Rogério Santos, da Católica Portuguesa
.
A doutoranda Angela Zamin participa do VII Congreso Internacional Ulepicc, que acontece entre hoje e sexta, na Universidad Carlos III, em Madrid. Sob o tema 'Políticas de cultura y comunicación', o evento reúne 113 trabalhos, oriundos da Espanha, Brasil, México, Argentina, Austrália, Chile, Colômbia, Itália, Portugal, Uruguai e Venezuela, distribuídos em 18 mesas temáticas, além das conferências. Na Ulepicc, Angela Zamin irá apresentar o artigo "A aprendizagem social do uso da mídia e o jornalismo no rádio comunitário: um fazer tentativo", originada em sua dissertação de mestrado, defendida na Unisinos. O trabalho compõem a mesa 'Presente y futuro de la industria radiofónica', que reúne trabalhos das universidades de Granada e Carlos III, ambas espanholas, e da Universidade Estadual Paulista.
.
Em setembro, na Universidade Católica Portugesa, em Braga, Portugal, a doutoranda apresentou o artigo "Dos acontecimentos no mundo à notícia: relações entre o jornalismo e o geopolítico", em uma das sessões sobre jornalismo do Congresso Internacional de Ciências da Comunicação - CICOM. Integraram a sessão mais dois trabalhos, um da Universidade Santiago de Compostela e o outro da Universidade de Lisboa, sob coordenação do professor Rogério Santos.
..
(Angela Zamin, de Madri)