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Rumores, ECA-USP
Entrevista jornalística, confissão e as neoconfissões na mídia brasileira, por Beatriz Marocco.
Resumo: Este texto focaliza a entrevista como uma prática jornalística confessional. Tal objeto configura um percurso epistemológico que associa o pensamento foucaultiano sobre a confissão à “neoconfissão”, assim como essa foi descrita por E. Morin (2000). No âmbito discursivo aparecem os papéis e as funções da dupla jornalista/que interroga e fonte/que confessa, como se a fonte estivesse diante de uma autoridade investida para tal fim. Três entrevistas, que formam um pequeno corpus, selecionado a partir do acompanhamento diário de diferentes mídias, provocaram insights úteis, que apresentamos neste artigo, para a constituição de uma tipologia que vem ao encontro dessa relação e nos permite avançar em direção a um rompimento definitivo com o ritual da confissão nos novos ambientes digitais
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Quaderns-e, Institut Catalá d'Antropologia
Linhas paralelas: os negros e os jornais na fotografia do século XIX, por Beatriz Marocco
Resumo: Existe uma coleção de fotografias que ocupa a contracorrente do discurso jornalístico sobre o cotidiano dos negros que viviam em Porto Alegre (Brasil). As cenas organizadas pelos Irmãos Ferrari, Virgílio Calegari e Lunara, entre o final do século XIX e meados do século XX, evidenciam elementos da pobreza em que os negros viviam e que se seguiu ao regime escravocrata: o traje descomposto e gasto que cobria os corpos, os pés invariavelmente descalços, o trabalho infantil ambulante e o ambiente doméstico dos lugares sem urbanização, em que se instalavam irregularmente. Nos jornais a Gazetinha, o Jornal da Tarde e O Independente, de Porto Alegre, os negros são associados à vagabundagem e bem localizados nos lugares “perigosos” da cidade. Há um ponto de tensão entre o que era dito na imprensa e o que foi visibilizado nas fotografias. Os elementos organizados na cena fotográfica possibilitam que se inicie um jogo de visibilidade/invisibilidade entre essas fotografias e os jornais, que produz certa descontinuidade no grande arquivo da época, voltado em sua quase totalidade às paisagens e retratos da burguesia. Antes que houvesse condições técnicas para a reprodução fotográfica na imprensa, os Irmãos Ferrari, Virgílio Calegari e Lunara demonstram uma prática, que se desvia da fotografia documental, em que o fotógrafo se ocupa do reconhecimento do presente que lhe corresponde.
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Galáxia, PUCS-SP
Meios-fonte nas páginas de internacional de O Estado de S. Paulo, por Angela Zamin
Resumo: Na produção jornalística, a objetivação de cada acontecimento envolve um conflito de perspectivas entre jornalistas e fontes pela definição do presente que nos cerca. Estes combates se estabelecem no discursivo, em meio a controles e pressões sociais pelo que dizer e como dizer, sendo conformados no interior de uma rede informativa estabelecida a partir de prioridades sobre as quais se concentram os esforços informativos de cada meio. Este artigo aborda o uso de outros meios (jornais, rádios, TVs) pelo jornal O Estado de S. Paulo como fontes na significação da crise diplomática entre Colômbia e Equador, no período de março de 2008 a agosto de 2009. Orienta-se por um debate acerca das implicações do emprego de meios-fonte na produção jornalística que versa sobre ocorrências internacionais. Para a análise serve de base um corpus de 307 peças da editoria de Internacional.
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Intexto, UFRGS
No jornalismo, entre atualidade e recorrência: um acontecimento de longa duração, por Angela Zamin
Resumo: O texto apresenta um exercício de análise da produção de um acontecimento de longa duração que, por sua presença no tempo, permite observar a atualidade e a recorrência. Trata-se do exame do que foi produzido pelo jornal de referência colombiano El Tiempo, entre março de 2008 e março de 2010, sobre a crise diplomática entre Colômbia e Equador. A análise considera também os campos problemáticos que emergem e o retorno dos quadros de sentidos pelos acontecimentos que se sucedem.
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Estudos em Jornalismo e Mídia, UFSC
“Livros de repórter”, saberes de entremeio: relatos jornalísticos sobre a cobertura de conflitos, por Angela Zamin
Resumo: Um conjunto significativo de livros publicados por repórteres brasileiros descrevem as práticas jornalísticas de cobertura de conflitos. Tais relatos apresentam uma face singular ao serem deslocados do jornalismo periódico para o livro, onde o que é dito não deixa de ser jornalístico, mas adquire outra densidade, entre o que circula nos jornais e os estudos de jornalismo. Estes “livros de repórter”, como são aqui nomeados, ofertam um tipo de relato que se ocupa do jornalismo, para dele elaborar outro relato, desvelando, criticando ou interpretando certos processos e práticas. Os livros que compõem o corpus da presente análise oferecem uma amostragem de acontecimentos cuja ocorrência impôs o embate com a censura ou a restrição no acesso à informação, sendo aqui examinados em sua potencial contribuição como saber sobre as práticas, bem como sobre a relação jornalismo e democracia.
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Discursos Fotográficos, UEL
Fotografias na cidade, imaginários urbanos: um percurso metodológico a partir da experiência com álbuns de família em Porto Alegre Imaginada, por Angela Zamin (em co-autoria com Nara Magalhães, UFRGS; Lourdes Silva, UFRGS; Marcia Anselmo; e Reges Schwaab, UFOP).
Resumo: Este artigo traz reflexões sobre a processualidade de um estudo realizado a partir de álbuns de famílias de cidadãos negros em Porto Alegre. No contexto da pesquisa Porto Alegre Imaginada, entrevistamos e fotografamos pessoas que se auto-definem como negras, enquanto folheavam seus álbuns. Ao ouvir seus relatos e histórias, procuramos dar visibilidade a uma trajetória de cidadãos e a uma cidade que, na maioria das vezes, permanece desconhecida, tanto na história oficial como nos espaços midiáticos tradicionais. Neste texto, queremos contribuir para a discussão sobre a utilização de fotografias na pesquisa social, bem como sobre as implicações para pensar identidades e racializações na metrópole.
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Verso & Reverso, Unisinos
A contribuição do jornalismo para a reprodução de desigualdades: um estudo etnográfico sobre a produção de notícias, por Marcia Veiga (em co-autoria com Virginia Fonseca, UFRGS)
Resumo: Neste artigo, discutem-se dados de pesquisa realizada com objetivo de compreender a participação do jornalismo na formação de valores que geram estereótipos e desigualdades sociais investigando pistas sobre como estes se constituem ou se transformam. Através do método etnográfico, acompanharam-se durante 11 semanas todas as etapas da produção de notícias de um dos programas jornalísticos da RBS TV, emissora pertencente ao Grupo RBS, maior conglomerado de comunicação do Sul do Brasil. Analisando o cotidiano dos jornalistas, com a atenção para as relações entre eles e para as rotinas produtivas, conclui-se que a heteronormatividade foi um padrão normativo que orientou seus valores pessoais e profissionais nas tomadas de decisão, o que resultou em discursos noticiosos marcados por valores sociais hegemônicos que reforçam hierarquias e desigualdades a partir de alguns marcadores sociais.
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A professora Christa Berger publicou resenha do livro "O poder cultural desconhecido. Fundamentos da ciência dos jornais", de Otto Grot, no v.11, n. 22, da revista Galáxia. Para acessar a resenha, aqui.
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Além de artigos, discentes e docentes, publicaram capítulos em dois livros: Jornalismo e acontecimento: percursos metodológicos (Insular, 2011) e Jornalismo contemporâneo: figurações, impasses e perspectivas (EDUFBA, 2011), publicados no 2º e no 1º semestre, respectivamente.
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Jornalismo e acontecimento: percursos metodológicos (Insular, 2011)
- Acontecimento em rede: crises e processos, por Ronaldo Henn
- As mortes e a morte no jornal. As aparições da morte em ZH, por Beatriz Marocco, no livro
- Trajetória de vida e acontecimento: Simonal na ditadura, por Christa Berger
- O acontecimento em processo: a Crítica Genética no estudo da biografia, por Karine Moura Vieira (em co-autoria com Virginia Fonseca, da UFRGS).
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Jornalismo contemporâneo: figurações, impasses e perspectivas (EDUFBA, 2011)
- O saber que circula nas redações e os procedimentos de controle discursivo, por Beatriz Marocco
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No 1º semestre deste ano a professora Beatriz Marocco publicou o artigo “Os ‘livros de repórteres, o comentário e as práticas jornalísticas” na edição 22 da revista Contracampo, da Universidade Federal Fluminense. Já o doutorando Luis Fernando Assunção publicou na Acta Científica, Revista Interdisciplinar do Centro Universitário Adventista de São Paulo, o artigo “O processo jornalístico a partir da crítica genética”, na edição 20, de janeiro-abril de 2011.
(Angela Zamin)
(Angela Zamin)