A pesquisa científica no Brasil se constitui em um ambiente de isolamento em relação aos pares da própria academia e em relação à sociedade, segundo a avaliação do sociólogo Simon Schwartzman, do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS). Ao tratar da pesquisa no seu contexto mundial e nacional na conferência de abertura do Pesquisando a pesquisa, evento promovido pela Unidade Acadêmica de Pesquisa e Pós-Graduação da Unisinos, na terça-feira (26), o pesquisador, ex-presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), criticou a inexistência de um usuário da pesquisa no Brasil, já que esta não visa à atender demandas específicas da sociedade, da área empresarial ou do setor industrial e, tampouco, do governo, que apenas ratifica seu papel de financiador. Essa ausência de usuário, de aplicação e, porque não, de consumo, pode ser suprida, segundo Schwartzman, por parcerias de toda ordem - entre pesquisadores, entre instituições de ensino superior, destas com empresas e agências de fomento. O sociólogo considera as especificidades de ser fazer pesquisa em cada campo e em cada instituição, respeita esses condicionantes, mas aposta na escolha de áreas e temáticas prioritárias. Também acredita na constituição de comunidades acadêmicas como forma de romper com o isolamento, especialmente, do ensino superior em relação à sociedade, inquietação que já havia mobilizado Schwartzman na década de 70 e permanece atual diante do que denomina de sociedade do conhecimento.
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O Pesquisando a Pesquisa, nesta edição, está sendo coordenado pelos professores Luiz Inácio Gaiger, coordenador do PPG de Ciências Sociais, e Christa Berger, coordenadora do PPG em Ciências da Comunicação e integrante do GPJor.
(Texto - Angela Zamin / Foto - Marina Chiapinotto)
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