22 novembro 2011

Dissecando a entrevista para chegar à prática jornalística

Grupo apresentou vídeo de jornalistas entrevistados
A última mesa do 4º Seminário Aberto de Jornalismo, do GPJor, foi destinada para a professora Beatriz Marocco, do PPGCC/UNISINOS, e sua equipe de pesquisa apresentar detalhes do trabalho O Controle Discursivo que Toma Forma e Circula nas Práticas Jornalísticas. Assim como todo o encontro, parte da pesquisa está centrada na entrevista. É a metodologia empregada que pretende chegar nas práticas do mundo da redação através do discurso. Embora ainda em andamento, já foi possível refletir sobre algumas questões apontadas através dos dados elencados.

Karine Vieira (Unisinos)
Karine Moura Vieira, doutoranda da Unisinos, apresentou um vídeo em que editou trechos de entrevistas realizadas pelo grupo. Mais do que mostrar metodologicamente como opera a entrevista para a pesquisa, o objetivo foi reproduzir trechos dos pensamentos dos jornalistas Caco Barcelo, Alexandra Coelho, Celito de Grandi, Marta Gleich, Eliane Brum, Laurentino Gomes, Liliana Pithan, Núbia Silveira e Ricardo Stefanelli, entrevistados pela pesquisa, sobre trajetória de vida e na redação, ideias sobre jornalismo e reportagem. “Nesse vídeo, podemos ver dois lugares de fala de jornalistas: o repórter que continua repórter e o repórter que se desloca e passa a ser gestor”.

Marcia Veiga (UFRGS)
É a deixa para Marcia Veiga, doutoranda da UFRGS, entrar com suas percepções sobre as vivências pessoais desses profissionais que acabam atravessando a prática. “As experiências das próprias vidas são narradas pelos jornalistas até antes de entrar na profissão”, pontua. É como se as vivências fossem uma espécie de “forja” para esse ser que se põe ao exercício de escutar.  E, além de toda essa experiência de vida e da necessidade de colocar o pé no barro e ir para rua no exercício da prática, os jornalistas destacam a importância da leitura. Claro que leitura, de um modo geral, é sempre vista como importante – e até fundamental – para o desenvolvimento de um jornalista. Mas a leitura de livros de outros jornalistas – os livros de repórteres – ocupa espaço importante no que os profissionais acreditam ser significativo na formação. Isso está também presente na reflexão de Thais Furtado, professora da Unisinos e doutoranda da UFRGS, sobre “como se aprende a ser jornalista”.
Thais Furtado e Beatriz Marocco (Unisinos)
Thais destaca que os jornalistas entrevistados falaram sobre aprender jornalismo na redação – fazendo, portanto – e poucos se referem à faculdade. “Quase todos são críticos com a Universidade e quase nenhum tem relação com a Universidade hoje”. Grande parte dos entrevistados considera a prática, os ensinamentos de outros repórteres, a leitura e a vocação pessoal como fatores importantes na concepção de um bom jornalista.

Como timoneira da pesquisa, Beatriz Marocco demonstra satisfação e entusiasmo com essas primeiras percepções levantadas pela pesquisa. Porém, o que parece empolgá-la ainda mais é o saldo desses dois dias de discussões no Seminário Aberto. Isso porque, além de destacar a importância de voltar o olhar para a prática jornalística, demonstra o papel da entrevista enquanto prática não só profissional, como também de pesquisa. "Descobrimos, todos juntos nesses dois dias, a riqueza da entrevista", comemora Beatriz.


Os trabalhos discutidos no Seminário Aberto irão compor um dos livros que trará resultados da pesquisa coordenada pela professora Beatriz Marocco.
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(Texto: João Vitor Santos)
(Fotos: Beatriz Sallet e Angela Zamin)

Um comentário:

Aline disse...

Parabéns aos colegas organizadores e responsáveis pela cobertura. Foi um ótimo evento! Abraços