28 outubro 2010

Lobos no galinheiro

É mais fácil mudar o curso do Rio São Francisco, do que transformar o direito de expressão de um punhado de empresas de comunicação, numa conquista da sociedade como um todo. Assim o jornalista e professor da UNB, Washington Araújo sintetiza seu pensamento, com o qual me identifico, sobre a proposta de autorregulamentação da mídia, da Associação Nacional de Jornais.
Como o lobo cuidando do galinheiro, a entidade que em sua própria composição abriga oligopólios e monopólios, num desrespeito à Constituição, defende que ela mesma determine os limites entre a liberdade de imprensa e o direito à informação do cidadão brasileiro.
Deve haver controle sobre a mídia, nem seus barões discordam disso. Necessitam deste signo para acompanhar a onda democratizante nascente via internet. Segundo Alberto Dines, o mercado exige. Apesar da presidente da ANJ afirmar que democracias de verdade não precisam de lei de Imprensa, e evocar fora de contexto, a idéia de Cláudio Abramo: “a ética do jornalista é a ética do cidadão”.
Democracia, no entanto, pressupõe opinião de todos, como ocorre com a educação, saúde ou com o exercício da Medicina. Manifesto em Projeto de Lei da Federação Nacional dos Jornalistas, encaminhado ao Congresso, o controle social sobre a imprensa foi rechaçado pelo patronato sob a alegação de que "setores autoritários do bloco hoje dominante na política brasileira, o de Lula e Dilma, acenam com um controle `social´ sobre a mídia. Mas como formar um conselho representativo? Como evitar que esse conselho seja dominado pela militância em nome da `sociedade´? Como assegurar que suas decisões sejam`certas´?".
Justifiquemos, pois, puxando a brasa para o nosso lado, jornalistas e cidadãos: Porque os donos dos jornais querem legislar em causa própria? Quem na autoregulamentação vai representar o povo brasileiro?
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(Autor: Maria Luiza Santos Soares)

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