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A construção do acontecimento jornalístico a partir dos processos interativos da Cibercultura, por Alciane Nolibos Baccin (Unisinos)
Resumo: O processo de comunicação transforma-se a partir do avanço do uso da internet e da interatividade dos dispositivos midiáticos. Os acontecimentos eram vistos e narrados ao público apenas pelo olhar das mídias tradicionais, atualmente são disseminados e discutidos, principalmente, através das mídias digitais, que se caracterizam pela colaboração de informações. As mídias/redes sociais têm papel importante no desenvolvimento destas interações, tornando possível a multiplicação instantânea de um acontecimento. A cobertura jornalística alimenta-se cada vez mais dessas intervenções. É nessa ambiência midiática que se situa a Cibercultura. O presente artigo parte da hipótese de que, com o avanço da utilização das mídias sociais pelos jornalistas, reconfigura-se o modo de construção dos acontecimentos jornalísticos.
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No jornal e no “livro de repórter”: interesse jornalístico e importância histórica na crise Colômbia-Equador, por Angela Zamin (Unisinos)
Resumo: O texto apresenta um exercício de análise da produção de um acontecimento de longa duração (FONTCUBERTA, 1993) que, por sua presença no tempo, permite observar a capacidade de suscitar comentários e a de provocar novos fatos (GOMIS, 1987; 1991). Borrat (1989) nomeia estas características de interesse jornalístico e importância histórica, respectivamente. Trata-se do exame, pela perspectiva do jornalismo equatoriano, da crise entre Colômbia e Equador, desencadeada a partir do bombardeio de Angostura, no Equador, em 1º de março de 2008. A análise toma como corpus textos informativos do jornal de referência equatoriano El Comercio e o livro El juego del camaleón, do jornalista Arturo Torres. Ao orientar-se por uma análise entre o que circulou no jornal e o que foi deslocado para o “livro de repórter” (MAROCCO, 2011), o artigo pretende discutir processos e práticas jornalísticas ligados a uma certa categoria de acontecimentos, os que repercutem em um tempo alargado pelas consequências que geram.
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De que se alimentam as revistas: análise da cobertura do segundo turno das Eleições 2010, por Felipe de Oliveira (Unisinos)
Resumo: Este trabalho propõe uma reflexão acerca dos temas pautados pelas revistas brasileiras Veja e Época durante a campanha do segundo turno das Eleições 2010 para a Presidência da República. Inspira-se nas inferências proporcionadas pela Crítica das Práticas Jornalísticas para entender os critérios que direcionam a decisão sobre quais temas mereceriam capa das quatro edições que antecederam o pleito. Avança, ainda, na direção da análise do cenário que as revistas constroem a partir do conceito de semiose de C. S. Peirce. Assim, pretende-se fornecer subsídios consistentes à conclusão de que as revistas, ao aplicar, à sua forma, critérios para a representação das eleições, restringem a possibilidade de interpretação do leitor/eleitor. Daí, espera-se, emergiria a compreensão da necessidade da regulação social da imprensa. Trata-se de um exercício eminentemente ensaístico, mas que, por outro lado, não deixa de pautar-se pelos dados empíricos que descreve.
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Contando histórias sobre o mundo: uma reflexão sobre o jornalismo internacional a partir das narrativas de Clóvis Rossi e Larry Rohter, por Karine Moura Viera (Unisinos) e Ivan Bomfim (UFRGS)
Resumo: O trabalho reflete sobre o jornalismo internacional a partir das obras Enviado Especial: 25 anos ao redor do mundo, de Clóvis Rossi e Deu no New York Times, de Larry Rohter. Busca-se compreender como esses profissionais constroem um conhecimento sobre os países onde estiveram baseados, em reportagens e reflexões autobiográficas. Observa-se a contextualização das narrativas, expondo o papel destes jornalistas como mediadores de esferas distintas de realidade (BERGER, LUCKMANN, 1973), constituindo, assim, uma instância pedagógica (TRAQUINA, 2000) fundamentada na mediação cultural, que incide na instituição e manutenção de representações acerca do outro.
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Processualidade no jornalismo: anotações, filtros e memória na construção da reportagem, por Luis Fernando Assunção (Unisinos)
Anotações ou registros são materiais preciosos para investigar o processo produtivo no jornalismo. Um dos caminhos possíveis de estudo do processo jornalístico, entre outros tantos já pesquisados, estão os manuscritos e anotações, através da crítica genética. Esse método possibilita estudos de manuscritos de qualquer forma de expressão, seja artísticas, literárias e, agora, jornalísticas. Através de suas anotações, os jornalistas deixam rastros capazes de identificar caminhos tomados na definição da pauta, da reportagem ou mesmo as modificações que ocorreram ao longo do processo de concepção do texto. A memória da reportagem – cujos índice s são materializados nos documentos do processo – não pode ser vista de modo desvinculado da memória que faz o jornalista “ser aquilo que ele lembra”. Ao falarmos de percepção e memória, de um modo geral, e de filtros, seleções e recorrências, de modo mais específico, desenhamos parte do diagrama do espaço da subjetividade na construção da reportagem, onde observamos singularidades das transformações.
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(Angela Zamin)
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