“Creo en el periodismo. Da igual publicar en papel o en Internet”. A afirmação é do jornalista Ramón Lobo, do El País, que na terça, 19, participou da conferência “Explicar a guerra em tempos de internet”, realizada na Caixa Fórum de Barcelona. Correspondente em guerras ou conflitos no Iraque, Bósnia-Herzegovina, Croácia, Servia, Kosovo, Haiti, Afeganistão, Líbano, Israel e Palestina, Filipinas, Quênia, Ruanda, Congo, Guinea Equatorial, Guinea Conakry, Etiópia, Serra Leoa, Uganda, Nigéria, Zimbábue, Namíbia, Libéria, Nigel, Moçambique, África do Sul, Suazilândia, Somália, o jornalista falou da relação entre jornalismo e internet no âmbito das coberturas internacionais, refletindo sobre estas.
Para Lobo, a internet oferece vantagens para correspondentes e enviados especiais, especialmente, por simplificar os processos de transmissão, o que lhes possibilita “más tiempo para ir por la calle”. Se de um lado, segundo o correspondente, a internet auxilia na busca por informações – já não preciso viajar com um caderno com a relação das autoridades de determinado lugar, disse; por outro, não significa que as informações ali disponíveis sejam de melhor qualidade.
Quanto à experiência como correspondente de guerra, Lobo afirma se sentir fracassado como jornalista. “Não alteramos nada”, afirma. “Bósnia e Servia se repetem agora em outros lugares”, acrescenta. “A guerra em Sarajevo foi um grande fracasso coletivo de jornalistas; quatro anos lá e não pudemos mudar nada”, conclui. Muito de sua experiência está em livros como O herói inexistente, publicado em 1999, ou no recém-lançado Cadernos de Cabul. O jornalista participou também de duas obras coletivas: Os olhos da guerra, de 2001, e Seguiremos informando, também de 2010.
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Crise na indústria informativa
Outro tema explorado por Ramón Lobo é a atual crise na imprensa. O jornalista estabeleceu diferenças entre a crise no setor de jornais e no jornalismo. Em relação à gestão dos jornais pairam incertezas quanto ao jornalismo na web, suas formas de financiamento e uso. Rámon Lobo recorda que os jornais que tentaram cobrar pelo acesso as suas versões digitais tiverem um decréscimo no número de leitores e viram-se forçados a voltar atrás nesta decisão.
Para Lobo, um dos principais problemas do jornalismo na atualidade é que ele se faz a partir de referências, um jornalismo de citações entre aspas, em abandono as histórias que existem por trás das pessoas. Ainda segundo Lobo, tampouco na Internet há espaço para este tipo de narrativa. Quanto à crise no jornalismo, diz que é preciso contar histórias distintas nas versões em papel e digital dos jornais e que a grande virada está em fazer um jornalismo atrativo, que desperte o interesse e que leva a audiência a desejar comprá-lo.
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Angela Zamin, de Barcelona
21 outubro 2010
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